Tragédia em Recife é mais uma consequência dos efeitos das mudanças climáticas

Pedro Luiz Côrtes alerta para a necessidade de políticas públicas de prevenção para os eventos climáticos extremos

 03/06/2022 - Publicado há 2 anos
Analisar os prognósticos climáticos e acompanhar os prognósticos meteorológicos é essencial – Foto: Flickr
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As chuvas fortes e deslizamentos em Recife, Pernambuco, mataram pelo menos 127 pessoas até o momento desde o fim de maio. Eventos extremos como esse são recorrentes em várias partes do Brasil. Em um ano, uma das frentes frias mais intensas da história atingiu o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no final de julho do ano passado, e meses depois esses Estados enfrentaram temperaturas muito altas. Chuvas muito intensas também atingiram recentemente a Bahia, Minas Gerais e as cidades de Franco da Rocha, em São Paulo, e Petrópolis, no Rio de Janeiro, com volumes previstos para o mês caindo em apenas 24h.

“O clima não está se apresentando de uma maneira convencional”, afirma Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, ao listar esses exemplos ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição. “Não são situações esporádicas. […] Nós estamos enfrentando os efeitos das mudanças climáticas. Essa é a realidade com a qual a gente tem que trabalhar.”

Prevenção

Medidas de prevenção por parte do poder público são urgentes para lidar com essas situações. “É fundamental que os governos reconheçam a existência das mudanças climáticas e comecem a trabalhar efetivamente com isso nos seus planos de governo.” Analisar os prognósticos climáticos e acompanhar os prognósticos meteorológicos também é essencial, de acordo com o professor. “É a inação que levou à morte mais de cem pessoas.”

É preciso uma política habitacional para a população de baixa renda no Brasil – Foto: Flickr

Muitas vezes não é possível prever o volume exato da chuva, mas dá para saber se ela será intensa com vários dias de antecedência, o que permite a mobilização da Defesa Civil para retirar as pessoas das áreas de risco, onde elas moram não porque querem, mas por falta de opção. Já a longo prazo é preciso adaptar a infraestrutura das cidades. “Nós precisamos ter uma política habitacional para a população de baixa renda no País, […] senão as pessoas saem de uma determinada área de risco e vão para outra.”

Depois, ainda é preciso recompor a área, sua vegetação, encostas e rios. “É um trabalho integrado que um município muitas vezes não vai conseguir resolver sozinho.” Recursos estaduais e federais podem ser necessários. “Se nós não encararmos isso com seriedade, teremos a repetição cada vez maior dessas tragédias.”

Muitas vezes não é possível prever o volume exato da chuva, mas dá para saber se ela será intensa com vários dias de antecedência – Foto: Agência Brasil

 


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